Trabalho, lucro e regeneração na Casa de Correção de Porto Alegre durante a República Velha

Abstract

Neste artigo, analisam-se os esforços político-econômicos de parte dos governantes gaúchos para dotar as oficinas da Casa de Correção de Porto Alegre, criadas entre 1896 e 1897, de uma organização e administração fabril. Discutem-se os limites da ideologia correcionalista em voga, anclada num economicismo que antes priorizava a constituição de um regime industrial, lucrativo e desonerador dos gastos peninteciários em vez do desenvolvimento de experiências laborais, independentemente de seus resultados financeiro-comerciais. Embora o trabalho fosse entendido como elemento-chave para a “regeneração” dos reclusos, a implementação de oficinas no recinto prisional só teria lugar se fosse rendosa ao Estado.

In this article, we analyze the political-economic efforts of part of the gaucho government to provide the workshops of the Casa de Correção de Porto Alegre, created between 1896 and 1897, with a manufacturing organization and administration. The limits of the current correctionalist ideology, underpinned by an economicism that previously prioritized the constitution of an industrial, profitable and tax-free regime for penitentiary expenses, are discussed rather than the development of work experiences, regardless of their financial-commercial results. Although work was seen as a key element for the “regeneration” of prisoners, the implementation of workshops in the prison would only take place if they were profitable to the State.